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LEÃO DA COLINA:RUGIDO QUE UNE

QUEM SOMOS

Estudantes de graduação do sexto semestre de Jornalismo na UFSM/FW. Os alunos Andrei Sartori, Julia Cechin e Walter Guerra produziram uma grande reportagem sobre um time local que foi capaz de quebrar barreiras.

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Conheça a história do União Frederiquense, time do interior que representa encontros, conquistas e lutas

Quem nunca se arrepiou com o apito final de uma partida decisiva, quando o destino do time se decide nos últimos segundos? Quem nunca sentiu o grito de gol ecoando do fundo do coração, como se fosse uma explosão de emoção coletiva, um abraço simbólico entre o time e sua torcida? O futebol, apesar do que muitas pessoas pensam, não acontece em campo.

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Na verdade, o futebol vive dentro do torcedor, pulsa no suor dos jogadores que se entregam a cada lance em busca do gol, e queima na pele daqueles que sentem a angústia do acréscimo, com o coração acelerado a cada segundo que se arrasta até o apito final. É uma chama que não se apaga, que alimenta o desejo de ver a vitória no horizonte e faz o peito do torcedor vibrar a cada toque na bola, a cada movimento em campo. O jogo é mais do que um simples esporte, é a alma de uma cidade, a expressão de uma paixão que transforma o suor e a dor em alegria e celebração.

E é no coração do interior do Rio Grande do Sul, que um rugido ecoa forte e ressoa com paixão, esperança e luta: o Leão da Colina, como é carinhosamente chamado o União Frederiquense, desafia os limites do futebol e da própria cidade de Frederico Westphalen. Fundado no dia 03 de agosto de 2010, o time já soma 14 anos de existência e conquistou o acesso para a elite do futebol gaúcho em duas oportunidades.

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Como acontece com muitos clubes de futebol, o União Frederiquense viveu altos e baixos ao longo de sua trajetória, conquistando uma legião de torcedores apaixonados que lotaram as arquibancadas em momentos decisivos. Recentemente, o futuro do clube foi colocado em risco após o término do mandato do ex-presidente Edison Cantarelli, deixando a presidência vaga por três meses. A situação só mudou no dia 28 de outubro, quando Vinícius Girardi assumiu novamente a presidência do clube, pela terceira vez.

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O Leão da Colina, apelido do União Frederiquense, nasceu da ideia de dois colunistas do jornal O Alto Uruguai, Samuel da Silva e Márcio Barivieira. Na época, conforme narra o fundador do União, Samuel, o motivo da falta de um futebol profissional na cidade era questionado pelos escritores.


​— Nós questionávamos a sociedade do potencial que Frederico Westphalen, e a nossa região, tinha no campo esportivo. E fazíamos, respeitosamente, um comparativo com outras cidades que tinham o mesmo ou menor porte que Frederico e, naquele momento, já possuíam futebol profissional, como era o caso de Crissiumal — explica Samuel.

 “O que eu espero do futuro é que o União tenha vida”

A partir deste debate, o sonho de formar um time profissional começou a nascer e outros parceiros surgiram para se juntar ao grupo que formou o União Frederiquense. Segundo Samuel, o propósito do clube era unir a população de Frederico Westphalen com a criação de um entretenimento esportivo.

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Conforme conta Samuel, os primeiros passos para fundar o União Frederiquense envolveram uma série de trâmites legais, principalmente em relação à Federação Gaúcha de Futebol. “Quando conseguimos filiar o União na Federação Gaúcha, chamamos a comunidade, os clubes do interior, o campo empresarial, o torcedor, os apaixonados por futebol. Não importava quanto tinha na sua conta bancária, para nós o que importava era se gostava de futebol, se era apaixonado pelo esporte e se comprava a ideia de ter um time da região que representasse a união do povo Frederiquense”, explica o fundador.

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Samuel conta, também, que a expectativa da comissão fundadora do clube era gerar um entretenimento para a população do município e, em conjunto, evoluir em uma área que ainda era subdesenvolvida em Frederico Westphalen: o futebol de campo profissional.

Na opinião de Samuel, um dos fatores que contribuiu para a formação do União foi o caráter transformador do esporte. Essa atividade “afasta os jovens da drogadição, da ‘porcaria’, de tanta coisa ruim que o mundo oferece. Eu enxergo no esporte uma coisa positiva, que transforma vidas e a sociedade”, explica Samuel.

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Ao ser questionado sobre o sentimento de visitar a Arena União na atual situação (trecho escrito na primeira semana de novembro), Samuel dispara que é difícil falar sobre emoção no pior momento do clube. Nas palavras do ex-presidente, o sentimento “é um pouco de frustração por não ter conseguido contribuir um pouco mais com o clube. Mas o futebol é isso, né? Nem sempre sai como o planejado”, desabafa Samuel.


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Eliminação do União Frederiquense na Divisão de Acesso 2024.

Sobre a falha em conquistar o terceiro acesso do time à elite do futebol gaúcho, em 2024, Samuel relata que a experiência foi “uma convocação, para que a gente pudesse junto com o grupo enfrentar essa missão, em um momento muito difícil do clube, especialmente financeiramente. Saímos de cabeça erguida dessa tarefa, pois nos dedicamos ao máximo”. Samuel explica que o futebol é um processo, em outros termos, o dia a dia de um clube de futebol enfrenta muitas fases e desafios como, por exemplo, a busca pela profissionalização de um time do interior do estado.
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Primeiro acesso do União Frederiquense no ano de 2014.

Foto: Fabio Pelinson (Jornal O Alto Uruguai)

União x Internacional em jogo do Gauchão 2015 em Frederico Westphalen

Divulgação: mastercolorado/ premiere

“No primeiro acesso, eu não estava aqui. Estava em Novo Hamburgo”, relembra o fundador do clube, com carinho. “Na correria de Porto Alegre, do dia a dia, eu acabei nem lembrando do jogo. Do nada eu passo em frente a televisão e acabo acompanhando toda a partida e o União conquistou o acesso naquela noite fantástica, emblemática e inesquecível”. A primeira coisa que Samuel pensou após o fim do duelo foi viajar de carro para Frederico Westphalen durante a madrugada e comemorar a vitória com os amigos. “Minha mulher me segurou, mas foi maravilhoso, mesmo à distância”, conta.

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O primeiro acesso do clube, em 2014, apesar da euforia despertada nos torcedores e comissão técnica, não durou muito tempo. Conforme explica Samuel, o desempenho da equipe não ocorreu conforme o esperado e, após um ano, o União Frederiquense caiu novamente para série B. “O União foi rebaixado, mas foi maravilhoso também, recebemos aqui o Inter, jogamos com o Grêmio na Arena… foi uma loucura”, destaca.

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Arena União inaugarada em 2018 e localizada na Faguense

Foto: Júlia Cechin

Acerca da construção da arena União, o torcedor esclarece que é complicado falar sobre o assunto agora, depois que toda a estrutura já está finalizada, porém aponta que “a arena é maravilhosa, mas também resultou em diversos problemas financeiros para o clube, que é o que nós estamos vivendo hoje: desafios gerados pela construção da arena”. O estádio, apesar de se consolidar como um patrimônio da cidade e do clube, resultou em uma dívida de aproximadamente 5 milhões de reais, conforme apurado pela reportagem. “Não sei se não foi dado um passo maior do que a perna, no dizer popular, se fosse feito gradativamente aos poucos, talvez o clube ainda tivesse uma saúde financeira mais equilibrada”, desabafa Samuel.​

União x Lajeadense jogo do acesso para elite do Gauchão em 2021 

Divulgação: FGFTV

No segundo acesso do clube à elite do futebol gaúcho, em 2021, o fundador do clube estava na arquibancada, junto com os amigos, e salienta que foi um momento muito emocionante. “Ao longo do campeonato sobrou futebol, tínhamos o equilíbrio da competição e uma equipe muito acima das demais, que foi a equipe do União”, explica. Samuel atribui esse sucesso a competência da gestão que atuava na época que, na sua opinião, é um exemplo positivo a ser seguido para garantir o futuro do time.

Com o segundo acesso, uma nova decepção. Novamente, o time não permaneceu na série A por mais de um ano. “Se não me falha a memória, eu estive em 80% dos jogos do União durante esse período”, relata Samuel. O torcedor explica, também, que relaciona o segundo rebaixamento do grupo à manutenção dos atletas que jogavam na série B para atuarem na equipe que jogaria com times mais fortes. “A prateleira muda. Acho que não nos demos conta que o time que estava na série B não era tão forte assim para o que veio depois”. Samuel também menciona que o União foi “severamente prejudicado pela arbitragem”, em suas próprias palavras, situação que interfere na permanência da equipe na elite do futebol gaúcho.

Sobre o futuro, Samuel diz que espera que “o União tenha vida, não sei se com o futebol profissional, ou se quiserem inventar o rugby, qualquer outra coisa… mas que tenha vida, assim como isso aqui que foi construído”, falou enquanto apontava para a arena União. O fundador do Leão da Colina aponta, também, que o clube precisa do apoio da comunidade e do poder público para sobreviver a momentos difíceis, como os que têm vivido em 2024. “O clube é de todo mundo, tudo isso foi feito para o povo frederiquense. Meu único desejo é que o União tenha vida, e continue respirando, mesmo que por aparelhos”, finaliza.

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INTERVALO

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Estádio do Sport Club Rio Grande, time mais velho do Brasil

Foto: Divulgação/Rio Grande

 

 

 

 

 

 

 

 

Fazer futebol em qualquer lugar já apresenta grandes desafios, mas desenvolvê-lo no interior do Rio Grande do Sul é uma tarefa ainda mais árdua.

Um dos principais obstáculos é o forte monopólio de torcidas no estado. Se você nasce no Rio Grande do Sul, é quase certo que será gremista ou colorado, podendo até simpatizar com outro time, mas raramente terá outro clube como verdadeiro time do coração. Além disso, a concentração econômica na região metropolitana agrava a situação. As principais empresas estão localizadas nessa área, tornando muito mais difícil para clubes do interior, especialmente os do norte do estado, captar os recursos financeiros necessários para sustentar e desenvolver o futebol.

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​Um exemplo que evidencia as dificuldades enfrentadas pelos clubes do interior é o Sport Club Rio Grande, da cidade homônima, fundado em 19 de julho de 1900. O clube é reconhecido como o mais antigo do Brasil, recebendo o apelido de “Vovô”. Inclusive, o Dia Nacional do Futebol, no Brasil, é comemorado na data de sua fundação. Durante muitos anos, o Rio Grande foi uma força do futebol gaúcho, enfrentando a dupla Gre-Nal e até conquistando um Campeonato Gaúcho.

UM SONHO NO INTERIOR

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Mascote do Rio Grande

Foto: Divulgação/Rio Grande

Atualmente, porém, o “Vovô” disputa a última divisão do futebol gaúcho, conhecida como Terceirona Estadual. Esta é uma competição semi-profissional, na qual o clube está desde 2016, sobrevivendo com jogadores locais e enfrentando grandes dificuldades financeiras para manter suas portas abertas.

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De fato, o sonho do interior em jogar futebol profissional não é tão fácil assim…

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Ipiranga Futebol Clube em um dos seu primeiros jogos de futebol

Foto: Acervo do Ipiranga Futebol Clube

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A esquerda símbolo do Ipiranga e a direita do Itapagé

Foto: Internet

FREDERICO WESTPHALEN

Em Frederico Westphalen, o esporte sempre desempenhou um papel importante na comunidade. Um exemplo disso é a fundação do Ipiranga Futebol Clube, que surgiu em maio de 1957, graças à iniciativa de jovens locais que sonhavam em ter um lugar para jogar. Liderados por Nicanor Silveira, esses jovens se reuniram no Bar Harmonia, onde oficializaram a criação do clube, escolhendo as cores verde e amarelo. A primeira diretoria foi composta por nomes como Nicanor Silveira (presidente) e Avelino Raul Spillari (vice-presidente). Já o primeiro amistoso foi realizado em Iraí, contra o Esporte Clube Juventude, terminando em 0x0.​

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Mas, é claro que o surgimento do Ipiranga não foi só comemoração. O município possuía o Esporte Clube Itapagé, acumulando já uma gloriosa história. Com isso, a rivalidade surgiu, e vários dos fundadores do Ipiranga, que pertenciam ao Itapagé, retornaram à antiga casa. Enquanto isso, o Ipiranga lutava com algumas dificuldades, como inexperiência e a situação financeira dos fundadores, além da inexistência de um local para os treinos do time. Em 1957 houve o registro de apenas dois clássicos entre os clubes, nos dias 1º e 8 de junho, com duas derrotas do Ipiranga por 3x1. Na época, o patrimônio do clube era um apito, uma bola, um terno de camisetas e calções. Como não havia estádio, os primeiros treinamentos ocorriam no campo do Itapagé, outros em áreas da família Bossoni.

Após duas tentativas de aquisição de uma área para construção do estádio do Ipiranga Futebol Clube que não deram certo, foi finalmente adquirido, em 1959, um terreno de Laurindo Paloschi para a obra. Para angariar os recursos necessários, foi realizado o sorteio de uma casa e a venda de um loteamento na comunidade local.

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Conforme conta o pesquisador Wilson Ferigollo, em abril de 1960, o clube lançou o sorteio de seis mil cartelas, quando a entidade tinha como presidente, Edi Primo Cerutti. Naquele momento, já ocorria a terraplanagem da área, com cedência de óleo diesel pela empresa Modesti & Cerutti para o Daer, que colocou suas máquinas à disposição do Ipiranga. O andamento das obras motivou atletas, torcedores e dirigentes que ajudaram no trabalho com o plantio da grama. “Foram longos anos de trabalho, pois o desnível do terreno e a grande quantidade de água e pedras prejudicavam a ação das máquinas”, relembra Ferigollo em seu livro.

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A pré-inauguração da praça de esportes ocorreu no dia 1º de maio de 1962, em jogo contra o Esporte Clube Juventude, de Iraí. O placar foi de 3x3. Foi neste ano que o Ipiranga deu início à sua participação no campeonato da cidade. A inauguração do Estádio Edi Primo Cerutti ocorreu em 1963, com a bênção de Dom João Hoffmann.

Na década de 1960, Frederico Westphalen viveu momentos marcantes no cenário esportivo, destacando-se a promoção de espetáculos com a visita das equipes juvenis do Grêmio e do Internacional. Esse entusiasmo culminou, em 1976, na vinda do elenco principal do Grêmio, organizada pelo então prefeito Lindo Cerutti, como parte das comemorações dos 21 anos de instalação do município. O evento também marcou a colocação das faixas de Campeão Amador de 1975 no Ipiranga. A chegada dos jogadores – nomes consagrados como Cejas, Bolívar, Tadeu, Jorge Tabajara, Jerônimo, Neca, João Carlos, Iura, Alexandre Bueno e outros – foi recebida com grande euforia pela cidade. O jogo terminou com uma vitória expressiva do tricolor sobre o Ipiranga, com um placar de 5x0.

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Dois anos depois, em 5 de março de 1978, foi a vez do Internacional visitar Frederico Westphalen. O time colorado, composto por craques como Gasperin, João Carlos, Larri, Caçapava, Falcão, Valdomiro, entre outros, também venceu o Ipiranga por 5x0. Esses eventos reforçaram a relevância do esporte na história do município, além de destacar a conexão entre a comunidade e os grandes clubes do Rio Grande do Sul.

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Adriana Pizzolatto, torcedora do União Frederiquense

Foto: Arquivo Pessoal

Visão da torcida da entrada dos jogadores do Leão da Colina no Beira-Rio

Foto: Arquivo Pessoal

PAIXÃO VERMELHA, VERDE E BRANCA

Adriana Pizzolatto, 35 anos, cozinheira e moradora de Frederico Westphalen, é uma apaixonada torcedora do União Frederiquense. Seu envolvimento com o clube transcende a simples admiração, refletindo uma história de amor ao esporte e dedicação ao time que representa sua cidade natal. “Eu sempre acompanhei o União, mas foi em 2016, quando voltei a morar em Frederico Westphalen, que minha ligação se intensificou. Antes mesmo de integrar a torcida organizada, eu ajudava como gandula nos jogos no antigo Vermelhão da Colina, no Itapagé”, relembra Adriana, nostálgica.

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A transição para a torcida organizada veio de forma natural. “Uma amiga, que já fazia parte, me convidou. Desde então, passei a fazer parte da torcida e me tornei sócia do clube. É incrível participar tão de perto dessa comunidade apaixonada pelo União”, destaca. A torcedora vê no União muito mais do que um time de futebol. Para ela, o clube simboliza a essência do esporte no interior do estado. “Torcer pelo União é especial porque ele representa a nossa cidade e aproxima o esporte das pessoas daqui. É uma forma de incentivar as crianças a amar o futebol e a se inspirar nos valores que ele traz. Apesar das dificuldades, o União nos proporcionou muitas alegrias e conquistas. É um orgulho fazer parte dessa história”.

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Ela também relembra os momentos marcantes vividos ao lado do time. “No primeiro acesso, eu não estava morando em Frederico Westphalen, mas acompanhei tudo de longe e me emocionei muito. No segundo acesso, já estava presente. Foi indescritível ver o União entre os maiores do estado novamente.” Adriana relata ainda o orgulho de ver o União enfrentando grandes clubes como Grêmio, Internacional e Caxias. “Não importava onde fosse o jogo, a torcida dava um jeito de estar presente. A sensação de ver nosso time em campo contra os grandes é única e gratificante”.

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No entanto, nem tudo foram flores na trajetória do clube. “Quando houve boatos de que o União poderia fechar as portas, o sentimento foi de tristeza e raiva. Mas ao mesmo tempo, veio a certeza de que a comunidade não deixaria isso acontecer. Muitas pessoas se dedicaram para garantir a sobrevivência do clube. Ainda assim, precisamos fortalecer o União cada vez mais para evitar novos riscos”, aponta a torcedora.

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Adriana ainda mantém o otimismo e a expectativa de um futuro promissor para o União Frederiquense. “Espero que o clube se mantenha estável e que a comunidade continue unida para apoiar o time. Sei que temos limitações, mas acredito que o União ainda nos trará muitas alegrias. Juntos, podemos manter o nosso clube vivo e forte”.

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A história de Adriana é um retrato de dedicação e amor ao esporte. Mais do que uma torcedora, ela representa o espírito de uma cidade inteira, que encontra no União Frederiquense um motivo para celebrar a união, a perseverança e a paixão pelo futebol.

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Edison Cantarelli, ex-presidente do União Frederiquense

Foto: Walter Willy

Edison é parte do União
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Edison apresentando construção da Arena para jogadores

​ Foto: Fábio Pelinson/O Alto Uruguai

Vídeo: Julia Cechin

“PERCEBEMOS QUE NÃO BASTAVA TER UM TIME, ERA PRECISO CONSTRUIR UM CLUBE COM ESTRUTURA"

Desde sua fundação em 2010, o União Frederiquense tem sido um marco esportivo e social em Frederico Westphalen e na região do Médio Alto Uruguai. Edison Cantarelli, ex-presidente e atual presidente do Conselho Deliberativo, destaca o impacto regional do clube: “O União é a principal marca da região, que conseguiu levar o nome de Frederico para todo o país, colocando a cidade no mapa do futebol profissional”.

 

O envolvimento de Cantarelli com o clube começou por volta de 2012, quando o professor universitário fez contato com o clube para que os alunos pudessem tratar o gramado do Itapagé.

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Para o antigo presidente do Leão da Colina, um dos grandes marcos do clube foi a construção da Arena União, considerada hoje uma das estruturas mais modernas do interior gaúcho. “No início, foi difícil porque estávamos comprando uma lavoura com quase nenhum acesso, mas sabíamos que não podíamos ter um clube sem sede própria. O Itapajé colaborou muito no começo, mas era uma estrutura limitada”, relembra Cantarelli. Para viabilizar o projeto, o clube criou um condomínio residencial na área adquirida, o que gerou recursos cruciais. “A primeira etapa, com 87 terrenos, viabilizou não só a aquisição da área, mas também boa parte da construção da arena”. O estádio foi inaugurado em 2018, consolidando a infraestrutura do União e marcando um novo capítulo em sua história.

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A trajetória do clube, como dito anteriormente, inclui momentos de grande superação, como o primeiro acesso à Série A do Gauchão em 2014. Apesar da conquista histórica, Cantarelli explica que as dificuldades estruturais eram enormes: “Naquele ano, dependíamos de academia emprestada, ônibus da prefeitura, moradias provisórias. Nosso foco era escapar do rebaixamento, mas conseguimos uma virada histórica que mostrou que era possível começar do zero e chegar longe”. Essa experiência também trouxe aprendizados importantes: “Percebemos que não bastava ter um time, era preciso construir um clube com estrutura”.

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Já na Divisão de Acesso, em 2021, o União brilhou com um planejamento antecipado e eficiente. “Conseguimos formar um grupo bem organizado, trabalhando com a comissão técnica por quase um ano. O fator local também foi decisivo: passamos a divisão inteira sem perder em casa”. Entretanto, o retorno à elite do futebol gaúcho impôs novos desafios. Antes do início do campeonato, o clube precisou duplicar a arena em apenas 45 dias para atender às exigências da competição. “Foi um período crítico. Se tivesse chovido dois ou três dias, não conseguiríamos abrir o estádio na estreia contra o Novo Hamburgo. Isso inflacionou muito os custos e gerou uma dívida significativa, mas também valorizou nosso patrimônio, que hoje tem um valor estimado em 12 milhões”.

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Apesar das dificuldades financeiras e do intenso ritmo de trabalho, Cantarelli ressalta o legado do União Frederiquense. “O União é mais que um clube, é um exemplo de como o futebol pode transformar uma cidade, unindo as pessoas em torno de um objetivo comum”. Atualmente, com infraestrutura consolidada e foco na formação de atletas, o clube se prepara para novos desafios, honrando sua história e fortalecendo seus laços com a comunidade regional.

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Todavia, apesar da busca por novos laços, há pessoas que mantêm uma paixão pelo clube há anos... e nenhuma fase ruim será capaz de romper essa parceria.​​​

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FIM DE JOGO

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Vinicius Girardi de camisa vermelha, presidente do União Frederiquense

Foto: Andrei Sartori

Entrevista de Vinicius Girardi após eleição da diretoria do clube

Vídeo: Andrei Sartori

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Vinicius Girardi com o presidente da FGF, Luciano Hocsman

Foto: Christiane Matos / FGF

“ESTE NÃO É UM MOMENTO DE CONTINUIDADE, MAS DE REESTRUTURAÇÃO”

Em outubro de 2024, Vinícius Girardi assumiu pela terceira vez a presidência do União Frederiquense, disposto a enfrentar um dos períodos mais desafiadores da história do clube. Após 15 anos de futebol profissional ininterrupto, com conquistas importantes, como um estádio próprio e duas participações na elite do futebol gaúcho, o União chegou a um momento em que a reorganização e o saneamento financeiro se tornaram indispensáveis.

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— Assumimos com uma missão operacional, de muita união da comunidade, tanto do Conselho de Administração quanto do Conselho Deliberativo, para trabalhar na organização e no saneamento do clube”, declarou Girardi, deixando claro que o foco imediato não está no futebol profissional, mas na superação das dificuldades que ameaçavam o futuro da instituição.

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Conforme conta o presidente, o União viveu momentos que lembram o espírito de uma partida acirrada: dificuldades financeiras, dúvidas externas sobre a continuidade do projeto e a necessidade de mobilizar forças para evitar uma derrota iminente. “Precisamos passar uma régua na história do clube, enfrentando e superando as dificuldades financeiras e estruturais que vivemos. Existe a possibilidade de retomarmos o futebol profissional apenas no segundo semestre, mas, agora, a prioridade é outra”, afirmou o presidente, apontando o caminho para a recuperação do clube.

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Para Girardi, a torcida e a comunidade regional são elementos essenciais para essa reconstrução. Segundo ele, o União não é apenas um clube de futebol, mas uma representação coletiva, um símbolo de integração social e regional. “O União é um clube de todos. Não tem segregação social, é pluripartidário e envolve todas as camadas da população, não só de Frederico Westphalen, mas de toda a região. É hora de abraçarmos o clube como nunca antes”.

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Os passos iniciais dessa nova gestão já foram definidos, em uma reunião do Conselho Deliberativo, crucial para alinhar as ações práticas e buscar a participação de todos. “Vamos trazer medidas objetivas para alavancar o apoio da comunidade regional e sanar os problemas financeiros sem sobrecarregar ninguém. O entusiasmo da torcida e o engajamento da imprensa serão fundamentais para alcançarmos nossos objetivos”, destacou.

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Ao falar do futuro, o presidente reafirmou o compromisso de colocar o União em uma posição de estabilidade, pavimentando o caminho para novos ciclos de crescimento. “Este não é um momento de continuidade, mas de reestruturação. Estamos aqui para atender ao chamado de amigos e da comunidade, com o objetivo de dar direção ao União e preparar o clube para desafios maiores no futuro.”

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A mensagem de Girardi é clara: o União Frederiquense precisa do apoio de todos para vencer esse jogo decisivo. “Muitas pessoas duvidaram que a União duraria mais de um ano ou dois, mas estamos aqui, prestes a completar 15 anos. Agora, precisamos do abraço da comunidade para superar este momento. Se conseguirmos vencer essa etapa, teremos vida longa. E com união, seguiremos fortes.”

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© 2024 por Andrei Sartori, Julia Cechin e Walter Guerra. Leão da Colina: Rugido que Une

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